Ensino Híbrido, o que é de fato?

Com a pandemia do COVID-19, muitas instituições de ensino adotaram as aulas remotas como solução temporária para superar este momento. Digo temporária, mas com a consciência de que muitas dessas instituições irão também adotar as aulas remotas de forma permanente em seus modelos educacionais. Resta saber de que forma essa estratégia será agregada de forma permanente aos projetos pedagógicos. 

Neste mesmo tempo, o ensino híbrido ganhou ainda mais destaque, principalmente por ser apontado como o principal modelo educacional a ser adotado por muitas instituições de ensino, tanto na educação básica como no ensino superior. 

Porém, percebe-se que, apesar de ser um tema amplamente discutido, muitas das definições de ensino híbrido que são apresentadas não correspondem aos fundamentos básicos desse modelo educacional. Tais fundamentos, muitas vezes, são confundidos com modelos  de ensino semi-presenciais, assistidos ou on-line, principalmente pela definição mais básica de ensino híbrido:  “um modelo educacional que trabalha de forma integrada o ensino on-line e o ensino off-line”.

É justamente nesse ponto em que ocorrem os equívocos de interpretação sobre o modelo híbrido! Muitas instituições estão trabalhando esse modelo como uma fragmentação do ensino, com parte sendo realizada de forma on-line e parte sendo realizada de forma presencial.

Mas então o que é o ensino híbrido e quais são suas características?

Essa definição vem do termo Blended Learning, que envolve a mistura do ensino presencial com o ensino a distância. Isso mesmo, a mistura entre ensino presencial e a distância não significa a fragmentação do ensino em parte de uma forma e parte de outra, e sim uma forma integrada. 

Para exemplificar e ficar mais claro, imagine que você é um aluno e parte de sua aprendizagem está dentro de uma plataforma de ensino na qual você irá ter contato com os conceitos e poderá interagir com eles em exercícios e desafios, enquanto que, em um outro momento, você estará em contato com o especialista, no caso, o professor, para aplicar esses conceitos em projetos e experimentos.

Esse é um exemplo básico de ensino híbrido, em que a parte on-line e a parte presencial estão conectadas para o amplo desenvolvimento das competências. Horn e Staker (2015) apontam que o ensino híbrido vai além de simplesmente “misturar” o  ensino presencial com o ensino on-line. Para ter um amplo desenvolvimento das competências, ele deverá também promover uma integração, ou melhor, uma verticalização do processo de aprendizagem ao longo da formação. 

Complementa a caracterização deste modelo, o desenvolvimento da autonomia do aluno por meio das atividades on-line, permitindo que ele controle as condições de seu aprendizado, como o local, forma, tempo e o ritmo em que irá aprender.

Com isso, conseguimos promover também a formação sócio-emocional, desenvolvendo atitudes e valores dentro de uma aprendizagem significativa baseada no pensamento crítico, analítico e científico para a resolução de problemas da vida cotidiana.

1 comentário em “Ensino Híbrido, o que é de fato?”

  1. Ótimo post, Pedro.
    Achei ótimo você falar em autonomia. Apesar de muitos pensarem que o Ensino Híbrido se resume ao curso ter partes presenciais e partes a distância, a verdade é que o termo BLENDED significa proporcionar várias formas de aprendizado ao estudante.
    Assim, é possível desenvolver um curso híbrido totalmente presencial, desde que se promova autonomia no processo de aprendizado (a rotação por estação é um exemplo disso). O que acontece é que essa autonomia pode ser trabalhada também a distância, de uma forma muito mias inteligente do que, simplesmente, dividir conteúdos.
    Parabéns pelo texto!

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