Eu, meus pais, o Exterminador do Futuro e a educação

Minha mãe nasceu em 1945 e meu pai em 1947. Quando compraram o primeiro computador da casa, em 1995, resolveram que o melhor era deixá-lo para que eu pudesse fazer os trabalhos da escola, com internet discada. Não se interessaram muito pelo novo eletrodoméstico. Em 2015, minha mãe comprou um tablet. Meu pai resolveu comprar seu primeiro smartphone durante essa pandemia, por causa do isolamento dos amigos. Eles pularam a fase de troca de e-mails, ICQ, MSN, Orkut, apanhar do pacote Office, desenhar no Paint sem precisar e caíram direto em um mundo de apps. Agora, passam horas navegando e se divertindo no Facebook, Instagram, YouTube, WhatsApp. Porém, não desenvolveram a malícia digital de quem cresceu nesse mundo virtual. Foram eles que me ensinaram a não aceitar nada de estranhos nas ruas e são eles que clicam e aceitam tudo o que é oferecido on-line.

Temos que admitir que as tecnologias digitais já se tornaram uma parte integrante do nosso dia a dia. Elas mudaram a forma como procuramos informações, como nos comunicamos uns com os outros e até como nos comportamos. Elas nos influenciam assim como nós as influenciamos. Como consequência, o panorama educacional também começou a mudar. 

A próxima revolução será a massificação do uso de inteligência artificial (IA) na educação, em outras áreas ela já faz parte do nosso cotidiano e, muitas vezes nem percebemos. Para que tudo isso seja de fato efetivo, os desenvolvedores de IA tem se associado a pesquisadores de outras áreas como as ciências cognitivas e da educação tentando responder questões amplas e cruciais: 

  • Qual é a natureza do conhecimento e como ele é representado? 
  • Como um aluno pode ser ajudado a aprender? 
  • Quais estilos de interação de ensino são eficazes e quando devem ser usados?
  • Que equívocos os alunos cometem?

Assim como em Exterminador do Futuro, essa tecnologia chegou e não tem mais volta. Qual personagem gostaremos ou seremos capazes de representar? Lutaremos contra o uso dessas tecnologias ou aprenderemos com elas para ampliarmos as possibilidades de quem realmente importa: o aluno? Quem auxiliará nossos estudantes a navegar nesse mundo onde o virtual faz parte do real? Devemos nos preparar.

Sejamos alunos novamente e lembrem-se…

Humanos gostam de humanos. Como espécie social, gostamos de interagir e apesar da nossa carência por afeto poder se estender a gatinhos, cachorrinhos e, quem sabe, a uma forma de inteligência artificial, só pessoas entenderão pessoas. Nossas leis dependem da moral das pessoas, que mudam conforme a sociedade se transforma. A complexidade da mente humana depende de tantos fatores, biológicos e sociais, com alto poder de abstração, que para tratá-la e perceber as angústias de cada tempo, nada melhor do que outra mente de complexidade semelhante, com valores e angústias semelhantes.

Emilio Garcia

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