As tecnologias e o “risco” para os professores, não mais “cuspe e giz”!

Os acontecimentos do ano de 2020 mudaram de forma significativa o comportamento das pessoas e a forma de como nos relacionamos uns com os outros. Um dos acontecimentos mais marcantes foi a chegada da pandemia em que o mundo observou impactos agressivos em diversas áreas da sociedade e a forma de se fazer educação mudou para sempre.

A pandemia adiantou uma mudança brusca nos processos educacionais que só ocorreriam daqui a 10 ou, talvez, 15 anos no futuro, fato que gerou diversas ações emergenciais nas instituições de ensino. Os alunos tiveram que cumprir a carga horária de seus respectivos cursos de forma online, com o uso de seus smartphones e computadores pessoais e os professores (foco desse artigo), foram forçados a adotar a tecnologia como aliada no processo educacional.

Acostumados, em sua grande maioria, com o conhecido método “cuspe e giz”, nossos colegas professores foram surpreendidos com uma parafernália tecnológica dotada de aplicativos, softwares, equipamentos de áudio, câmeras, smartphone (sim, o smartphone virou equipamento de produção), e-books, vídeos e demais recursos que passaram a serem utilizados na própria casa do docente, que nesse caso, se tornou uma sala de aula a distância.

Diante desse cenário cheio de dúvidas, incertezas e testes para fazer a educação dar certo, muitos colegas professores se perguntavam (e se perguntam até hoje): “Se eu gravo uma vídeo-aula e disponibilizo numa plataforma, e as atividades se corrigem de forma automática, o que será de meu emprego? De que serve o meu papel de professor na educação?”

Estas perguntas são naturais, e geralmente ocorrem quando estamos passando por mudanças em que a nossa zona de conforto é ameaçada com a chegada de um novo método, tecnologia ou processo. Mas, o que eu costumo responder, e que está baseado na mais vasta bibliografia de metodologias ativas, é que: o papel do professor simplesmente mudou e sua atuação nunca deixará de ocorrer.

Isso se deve ao fato da tecnologia ser somente uma ferramenta nas mãos dos professores e estes últimos são dotados de inteligência e criatividade para fazerem a aula acontecer de forma mais eficiente, divertida e com qualidade na transmissão do conhecimento. Somente o professor tem a habilidade de utilizar a tecnologia para que o aprendizado dos alunos ocorra de forma significativa.

Professores que buscam se atualizar na utilização das tecnologias, saem na frente em processos seletivos de docentes nas instituições. E muitas escolas, principalmente as privadas, possuem ações de investimentos significativos na área tecnológica, justamente para atenderem as novas formas de ensinar. Atualmente, não é difícil encontrar instituições entrando em contato com algumas consultorias, buscando adequação tecnológica para atenderem ao “novo normal” da educação.

No que compete aos professores, outra oportunidade excelente está na busca de certificações internacionais concedidas por diversas empresas do mercado educacional, tal como o Google que concede, através de exames online, certificações de diversos níveis a preços acessíveis e que geram oportunidades para os educadores.

E por falar em Google, a empresa oferece um conjunto de ferramentas tecnológicas denominado Google for Education, através do G Suíte, que possui aplicativos para edição de textos, operacionalização de planilhas eletrônicas e apresentações, possibilitando o trabalho colaborativo, simultâneo e online, bastando para isso, acesso a internet.

Mas como aplicar uma ferramenta tecnológica com os meus alunos na disciplina de matemática, por exemplo?

Existe um aplicativo chamado Google Jamboard que está presente no G Suíte e consiste numa folha em branco eletrônica que permite a construção de conteúdos de forma colaborativa, com a inserção de notas autoadesivas (os famosos post its), figuras, anotações, desenhos, formas e anotações com canetas eletrônicas (em alguns casos é possível utilizar mesas digitalizadoras).

Na aula de matemática, o professor pode ministrar o conteúdo de Geometria Plana, por exemplo, construindo todo o conteúdo sobre a folha em branco do Jamboard, alocando conceitos, desenhos de figuras geométricas, fotos de edificações ou partes que ilustram a geometria no mundo real, além de dar voz aos alunos para discutirem sobre o que está sendo ensinado bem como solicitar a eles que construam esse conteúdo com pesquisas realizadas na internet.

E o que tudo isso gera no aluno? Protagonismo, aprendizado significativo, geração de conteúdo, processo ativo na busca e construção do conhecimento. O aluno passa a ser o principal agente no desenvolvimento de suas habilidades e competências e o professor passa a ser um mediador/orientador entre o aluno e o conhecimento.

Finalmente, é possível perceber que esse tal “risco” gerado aos professores está voltado para benefícios e ganhos mútuos no processo de ensino e aprendizagem, bastando para isso, é claro, que o docente esteja com a mente aberta para utilizar as tecnologias. Durante os treinamentos que ministro aos mais diversos professores espalhados pelo Brasil e em outros países do mundo, os relatos são parecidos no que tange aos elogios que os alunos fazem para o docente que faz uso das tecnologias educacionais.

Portanto, meu caro colega professor, fique tranquilo e mergulhe nas ferramentas tecnológicas para que as suas aulas, aliadas a sua criatividade, sejam ainda melhores para os alunos e você corra o “risco” de ser um professor diferenciado.

Abraços

Prof. Julio Cesar Passos

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